Além da alimentação, o que mais muda quando me torno vegano?

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Um vegano procura excluir, dentro do possível e praticável, a exploração animal da sua vida. A mudança mais óbvia e impactante é na alimentação, que é um dos setores onde a exploração animal está mais presente, mas há muitas outras coisas que devemos ter em atenção.

Roupas, acessórios e outros objetos

Peles, couro, camurça, lã, penas, seda… São muitos os produtos da exploração animal que ainda podem ser encontrados em roupas, calçado e acessórios de moda, bem como em outros objetos do dia-a-dia como peças de mobiliário ou decoração. Os veganos estão atentos à composição dos objetos que compram e optam sempre por aqueles que não incluam este tipo de materiais.

Há diversos materiais de origem vegetal (algodão, linho, cânhamo…) ou sintética (poliéster, nylon…), pelo que não é difícil aderir ao veganismo neste particular. Mesmo a nível de calçado, que será talvez o mais complicado, é cada vez mais comum encontrar produtos livres de exploração animal, tanto de marcas famosas como de empresas especializadas em produtos veganos.

Quanto ao vesturário e calçado que já tens no armário, fica ao teu critério o que fazer com eles; podes continuar a usá-los enquanto estiverem em condições, já que ao fazê-lo não estarás a gerar mais procura por produtos do género, mas também podes oferecê-los ou doá-los.

Entretenimento

O entretenimento com animais é cada vez mais uma coisa do passado, mas ainda existe. No nosso país temos a vergonha das touradas, mas também circos (apesar da Portaria 1226/2009, que restringe a aquisição e reprodução de animais pelos circos, muitos continuam a ter e a exibir animais nos seus espetáculos), zoológicos, charretes turísticas, corridas de cães, entre outras. Para além, claro, dos “desportos” da caça e da pesca.

Um vegano, naturalmente, não apenas se abstém de participar destas formas de entretenimento, como também de assistir, promover ou apoiá-las por quaisquer meios.

Medicamentos, cosméticos e outros produtos

Em medicamentos, cosméticos e produtos semelhantes, há dois potenciais problemas a ter em conta: primeiro, podem conter produtos de origem animal, tais como mel, lactose, gelatina, lanolina, queratina, etc.; segundo, são frequentemente testados em animais.

Quanto ao primeiro, a solução é ler a lista de ingredientes, tal como fazemos com os produtos alimentares. Já o segundo não é tão simples. O tema da experimentação animal é provavelmente um dos mais complicados dentro do veganismo, pelo que o abordamos com um pouco mais de detalhe nas seguintes questões:

Como saber se um produto foi testado em animais?

Um vegano que toma medicamentos testados em animais é hipócrita?

Outras áreas

Numa sociedade complexa como a nossa, a exploração animal está um pouco por todo o lado, e muitas vezes em coisas que nos surpreendem. A maioria das pessoas não deve fazer ideia que pneus de automóvel ou bicicleta incluem muitas vezes ácido esteárico obtido a partir de gordura animal, que algumas tintas são feitas com caseína (proteína do leite), ou que algumas colas são feitas da pele ou cascos de animais, entre tantos outros exemplos.

Isso significa que é praticamente impossível viver no mundo moderno e não beneficiar do uso de produtos animais de alguma forma, seja por falta de informação ou por falta de alternativas. Mas o que não significa é que devamos baixar os braços e dizer que não vale a pena.

Sabendo que determinado produto pode conter ingredientes ou materiais de origem animal, podemos sempre pesquisar na Internet ou mesmo perguntar à empresa para confirmar. E podemos tentar influenciar a empresa para que substitua esse material . Mas se apesar de tudo não conseguirmos evitar usar esse produto, podemos usá-lo sem que isso coloque em causa o nosso veganismo. Mais uma vez: na medida do possível e praticável. O objetivo de um vegano não é a sua própria perfeição, é o fim da exploração animal, sendo por isso que a boicota e combate. Podemos não conseguir eliminá-la totalmente das nossas vidas, mas com um pequeno esforço podemos eliminar a maior parte (até porque a alimentação é sem dúvida a área com mais impacto) - e isso é fantástico!

[Foto de patos na Quinta das Águias]

Foto cedida pela Quinta das Águias.