Porquê ser vegano?

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Porque não devemos causar morte e sofrimento a seres sencientes sem necessidade. É tão simples quanto isto.

Comer carne ou produtos da exploração dos animais não é necessário, pelo que quem o faz fá-lo por apenas por tradição e prazer - o prazer de sentir o sabor desses produtos. Uma pessoa que diga que “nunca causaria sofrimento a um animal por prazer” mas coma carne está a cair numa óbvia contradição e deve parar para pensar: ou assume que causa sofrimento a animais por prazer ou decide deixar de fazê-lo.

Muitos milhões de palavras já se escreveram sobre as razões que fazem do veganismo um imperativo ético, mas na nossa opinião tudo se resume a isso: é a coisa certa a fazer. Naturalmente, é muito mais fácil condenarmos as brutalidades do passado do que estarmos do lado certo da história no presente, mas temos de ter essa coragem.

Quando recordamos outros movimentos de libertação, gostamos de pensar que, se estivéssemos estado lá, teríamos sido abolicionistas ou sufragistas, ou pelo menos não teríamos cooperado com a opressão, nem teríamos ignorado o tema. Não chegámos a tempo. Agora temos outra oportunidade, a da revolução menos sangrenta da história. E não nos é pedido que arrisquemos a vida, nem mesmo a prisão: simplesmente que escolhamos outro prato do menu."

Tradução livre de um trecho do prefácio do livro Liberación Animal (edição espanhola de Animal Liberation, de Peter Singer), por Paula Casal

É essa a razão fundamental para se ser vegano; no entanto, felizmente, além de poupar os animais à reprodução forçada, confinamento, mutilações, maus-tratos e morte, o veganismo tem várias outras vantagens, que podem também ser vistas como razões para adotá-lo:

  • Os alimentos de origem vegetal são muito mais sustentáveis. Para saber mais, consulta Qual o impacto ambiental dos produtos de origem animal?.

  • É muito mais eficiente; faz muito mais sentido consumir os produtos de origem vegetal diretamente (consumo primário) do que gastar toneladas desses produtos a alimentar animais para depois comê-los (consumo secundário). Essa ineficiência leva a que os produtos de origem animal ocupem 83% do solo para produzir apenas 18% das calorias que consumimos (fonte: The Guardian).

  • Há cada vez mais evidências de que uma alimentação 100% vegetal é melhor para a nossa saúde do que a dieta convencional, como explicado nas fontes listadas em A dieta 100% vegetal é saudável?.

  • Tudo o que nos torna mais saudáveis enquanto indivíduos torna-nos também mais saudáveis enquanto sociedade, contribuindo para uma maior qualidade de vida e menor carga sobre os sistemas de saúde públicos.

  • Para que a carne e outros produtos de origem animal cheguem às prateleiras dos supermercados, há pessoas que têm de fazer o trabalho sujo entre as quatro paredes de matadouros e outros locais de exploração animal - e sofrer consequências gravíssimas para a sua saúde mental. Trabalhadores de matadouros demonstram uma incidência significativa de transtorno de stress pós-traumático, havendo mesmo académicos que sugerem que índices elevados de criminalidade em algumas comunidades estão relacionados com a existência de matadouros nesses locais, dado o processo de dessensibilização perante a violência a que esses trabalhadores são submetidos (fonte: Texas Observer). O abandono progressivo do consumo de produtos de origem animal acabaria com este tipo de trabalho, gerando empregos e oportunidades na produção e fabrico de alimentos de origem vegetal.

E para lá de todos estes excelentes motivos, há ainda um último, um pouco egoísta talvez: a tranquilidade de sabermos que estamos a viver de acordo com os nossos princípios :)

[Foto das porcas Bolota e Miss Piggy, na Quinta das Águias]

As porcas Bolota e Miss Piggy. Foto cedida pela Quinta das Águias.